Um Exu em Nova York, livro-dínamo
Em setembro de 2018, 1.500 exemplares de Um Exu em Nova York, meu primeiro livro de contos, editado pela Pallas, foram postos nas ruas. O livro ganhou mentes, corações, fãs, prêmio e depois de sete meses e muita alegria, o reimprimimos. Dispusemos mais dois mil exemplares às pessoas. A partir dali, em um ano e meio esgotamos a primeira reimpressão. Em setembro deste ano da graça da Covid-19, colocaremos a segunda reimpressão nas ruas, mais três mi exemplares, de olho no tri.
Estamos em festa, especialmente
porque esta é uma conquista que acontece sem que a crítica literária dê ao nosso
trabalho a atenção merecida; sem gozar de espaço nas vitrines das livrarias (só
uma coisinha ou outra na época do lançamento); sem matérias nas páginas de
literatura dos jornais que ainda mantêm caderno 2; sem ter entrado (ainda) em
qualquer programa institucional de aquisição de livros; sem grandes, médios ou
pequenos espaços na mídia hegemônica; sem agente literária; sem uma assessoria
de imprensa específica bancada pela autora para colocar o livro nas mãos (e nas
graças) da imprensa especializada e dos mega-influenciadores de leitura na
TV. Até as feiras presenciais, nas quais
vendíamos volume significativo de livros, a pandemia nos tirou, mas, apesar de
tudo, nos levantamos e cantamos, como ensinou Maya Angelou.
Levantar e nos mantermos de pé são técnicas de guerrilha, cantar e celebrar são técnicas de encantamento da vida. Desse modo, celebramos 6.500 exemplares de um livro nas ruas no período de dois anos.
Agradecemos à imprensa miúda que se ocupa de destrinchar e de fazer
circular nosso trabalho, aos clubes e coletivos de leitura, às nano-influenciadoras
digitais, às professoras e professores, pesquisadoras e pesquisadores, aos
livreiros de quebrada, aos programas literários de pequeno alcance, às escolas
e bibliotecas comunitárias que compram nossos livros, às leitoras e leitores
que adquirem os livros, leem, comentam,
emprestam-nos para outras pessoas;
agradecemos às mediadoras e mediadores leitura que espalham conhecimento sobre
nossas obras. Estendemos o agradecimento
de sempre às amigas e amigos que correm junto com a gente. Vocês não nos deixarão
morrer sem sermos notadas, mais do que isso, junto com vocês, nós também escrevemos
a história editorial deste país. Vivas à gente e à nossa tenacidade.
Comentários