Não pude dar bicicleta, mas limite eu dei.
O último “jovem” que tentou assassinar Sirlei Dias Carvalho Pinto se apresentou à polícia, ontem. De cabeça baixa, bem instruído pelos advogados. Foi assim, pra você que não está acompanhando o caso: numa madrugada da semana passada, às 4:30 da manhã, Sirlei esperava um ônibus nas imediações da casa dos patrões, ela é trabalhadora doméstica. Ia a uma consulta médica. Passou um Gol preto, ocupado por cinco “estudantes”, moradores de “condomínios de Classe alta na Barra da Tijuca”, todos entre 19 e 21 anos. Pararam, desceram do carro, roubaram a bolsa de Sirlei e a espancaram covardemente. Um motorista de táxi assistiu a tudo, anotou a placa do automóvel e a polícia rastreou e prendeu três “jovens”. Os outros dois, delatados pelos primeiros, se entregaram. Os cinco monstros são jovens e estudantes, ou seja, tiveram um descontrole juvenil e tentaram assassinar Sirlei, mas sua boa índole os levará à reflexão, ao arrependimento e à correção, são jovens. São estudantes, ou seja, têm um projeto de futuro, serão pais de família responsáveis, advogados zelosos do patrimônio privado. Moram em condomínios de classe alta na Barra da Tijuca, ou seja, é bom enfatizar que são ricos, assim aplacamos a ira dos pobres, damos a eles um gostinho de vingança. Rico também comete crime. Curioso. Ninguém falou em pena de morte para os cinco monstros. Fossem cinco rapazes negros (ainda que estudantes e jovens), tentando assassinar uma indefesa moça branca, à espera de um ônibus, de madrugada, e a lebre da pena de morte já teria sido levantada. Tá na cara que ela só serviria para oficializar o extermínio de alguns tipos e grupos, aqueles que já vêm sendo exterminados por várias modalidades de pena de morte. Os pais dos monstros, na delegacia, não deram qualquer tipo de declaração, não esboçaram qualquer pedido de desculpas, a ninguém. O pai de Sirlei disse que não pôde comprar bicicleta para os filhos, mas soube educá-los.
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