Ancestralidade e tradições africanas: o Pentes no jornal O Tempo, em Belo Horizonte
(Por: Fabiano Chaves).
"A ancestralidade africana, suas tradições e as relações familiares são aspectos que a autora Cidinha da Silva aborda na obra "Os Nove Pentes D’África", seu primeiro trabalho infanto-juvenil, que ela lança neste fim de semana, na capital.
Motivada pelo anseio de uma sobrinha em ler um livro seu dedicado às crianças, Cidinha conta que nunca havia pensado em escrever uma obra para crianças e adolescentes. "Foi uma demanda familiar", diz a autora.
Na obra, ela conta a história de uma família negra brasileira, que vive na periferia, onde o patriarca, já a beira da morte, presenteia os netos com pentes de madeira africanos. "Ele conhece muito bem os netos, e cede a cada um deles um pente que traduz as características dos netos. Todos os pentes são carregados com virtudes, como o amor, dedicação, entre outros", afirma.
Historiadora, ensaísta e militante do movimento de mulheres negras, Cidinha da Silva diz que sua produção literária sempre busca referências nas tradições e na ancestralidade africana. "Isso é algo que me formatou, me define como pessoa e está presente na minha produção literária", destaca a autora, que já publicou obras como "Ações Afirmativas em Educação: Experiências Brasileiras" (2003), série de ensaios organizados por ela, "Cada Tridente em seu Lugar" (2007), seu primeiro trabalho na ficção, e "Você me Deixe, Viu? Eu Vou Bater meu Tambor" (2008), coletânea de crônicas e contos.
Agenda
O que: Lançamento do livro "Os Nove Pentes D’África" (editora Mazza, 56 págs, R$ 18), da autora Cidinha da Silva.
Quando: Sábado, às 20h.
Onde: Espaço da do grupo de teatro Cia. da Farsa (rua dos Caetés, 616, centro).
Quanto: Entrada franca.
Trecho da orelha do livro:
"Cidinha da Silva é uma amiga minha que escreve como quem trança ou destrança cabelos e nos presenteia com pentes presentes cheios de passado, que nos ajudam a destrinçar o futuro. Seus pentes são pontes de compreensão entre o que somos nós negros brasileiros agora, nossos avós recentes e os tais ancestrais africanos. E pontes entre nós e nossos filhos e sobrinhos, os que vêm depois de nós. Compreensão aqui que eu digo é aquele entendimento afetuoso, apaixonado até cheio de compaixão no sentido de gratidão pelo que se é".
(Chico César, compositor que assina a orelha do livro).
Comum em boa parte das obras infanto-juvenis, as ilustrações são destaques em "Os Nove Pentes D’África". Criadas pela ilustradora Iléa Ferraz, as imagens trazem os pentes do amor e da alegria, da perseverança, passagem, despedida, do giro da roda, da liberdade, da admiração, da sabedoria e da renovação da vida
Comentários