Se eu aparecer morto, não foi suicídio!
Por
Cidinha da Silva
Minha
chance de ser assassinado antes dos 19 anos era três vezes superior às
possibilidades de um jovem branco. Sobrevivi e não vou me matar.
Embora
minha probabilidade de ingressar numa universidade (genérica, nem boas ou ruins)
fosse três vezes inferior a um jovem branco, consegui.
Sofro
muito baculejo da polícia, mas ainda não conseguiram me fazer engrossar a
população carcerária e, se um dia me jogarem naquele depósito de gente, fugirei
dos números majoritários dos que têm baixa instrução.
A
despeito da vida de fracassos que impuseram aos meus iguais consegui superar as
previsões estatísticas, mantive minha alegria de viver, não estou deprimido e
não vou me matar. Definitivamente, não!
Sim, é
verdade que em vários momentos da vida expus minha tristeza e solidão nas redes
sociais, mas elas são consultório terapêutico de todo mundo, não só meu. Por
isso, se eu aparecer morto, não permitam que eu seja suicidado.
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