Sobre as crônicas de Sobre-viventes! (5)

“Vida de gato” aborda jogos de interesses em relações afetivo-sexuais entre gatas e gatos marcados pela cor. Neste caso, só gatos que preferem gatas e gatas que preferem gatos, não porque os homoafetivos sejam “santos”, mas por uma escolha de enfoque.
Interessante que quando esta crônica foi disponibilizada na Web, alguns homens negros reagiram. Um em especial, jovem e promissor intelectual, argumentou que, “como homem negro em reconstrução” sentia-se obrigado a responder o texto. Tratou então de reescrevê-lo.
O fato incoerente é que manteve minha assinatura.Fiquei perplexa e em silêncio. Refletia sobre a intervenção na obra ficcional de alguém porque trata de tema coletivo, cuja discussão, interessa e afeta diretamente a um coletivo.
Frente ao barulho do silêncio, o jovem intelectual me procurou e justificou-se. Ouvi e disse a ele três coisas: na primeira, mencionei minha reflexão sobre o vício horrível de tomar a produção criativa de outrem e interferir nela como fosse um panfleto de escrita coletiva, em que qualquer um pudesse meter o bedelho.
A segunda é que não concedo a ninguém o direito de mexer nos meus textos mantendo minha assinatura. No caso dele, como queria valer-se de minha ficção, reescrevendo-a, que me desse o crédito do texto-base e tratasse de divulgar sua reescritura assinada.
A terceira (diante da contra-argumentação dele) foi que fizesse o favor de demarcar suas intervenções no texto em letras maiúsculas e em cor diferente do original para diferenciá-las do que fora escrito por mim. Entre outros motivos porque a escrita dele me comprometia, haja vista que eu não escreveria aquelas coisas, tampouco daquela forma.
Como dizem as amigas baianas, “é coisa, viu”?

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