Afrografias da memória

Bom dia! O livro de hoje (5o) lembrado pelo impacto que teve em mim é o Afrografias da memória, da queridíssima Leda Maria Martins.
Conhecê-la aos 19 anos, antes de conhecer seus livros, antes mesmo de saber que ela escrevia, foi das coisas mais definidoras da minha vida. Desde o primeiro momento, o encontro revolucionário com a "fina adaga da palavra de Leda Martins" me trouxe encanto, exemplo, aprendizado e reflexão. Uma mulher absolutamente sofisticada e por isso mesmo, simples e humana no trato com as pessoas.
Mais tarde, quando li o Afrografias, uma sentimento passou a me acompanhar pela vida inteira: se um dia eu conseguisse escrever algo significativo com a sofisticação (domínio da língua, técnica de escrita, humanidade, refinamento poético, objetividade, conhecimento profundo do tema abordado) de um parágrafo de Leda Martins, eu morreria feliz. É minha bússola até hoje. É o que penso quando intento escrever algo que importe.
Dediquei meu primeiro livro de contos, Um Exu em Nova York, a Leda Martins e foi uma emoção indescritível ter contado com a presença dela durante o lançamento na Igreja das Santas Pretas, na Barragem Santa Lúcia, em BH, no final de 2018. No dia seguinte iríamos ao teatro juntas (imagine a honraria), convidada por ela, mas muito atarefada e solícita como de hábito, Leda precisou atender a alguém que precisou dela.
Ah... como as forças superiores sempre se fazem notar se as quisermos ver, pouco depois de Leda sentar-se num dos bancos da Igreja das Santas Pretas, onde ocorria o lançamento do Exu, a Guarda de Congada local chegava com seus tambores mágicos e ruidosos, no pedaço do conto em que eu lia (e ria e aumentava a voz): "Exu matou um pássaro ontem com a pedra que jogou hoje".
Saravá sua banda, Leda Martins! Muito obrigada.

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