"Becos, vielas, afoxé e congado", crônica de Cidinha da Silva em e-book gratuito

Disponível em todas as plataformas e no site da Oficina Raquel . Veja alguns trechos da crônica. “As ruas nos sujeitam à novidade do normal conhecido por muitos que agora emerge dos esgotos e causa espanto a todos. Ratos e baratas cascudas manifestam-se nas ruas para que os hospitais não atendam aos doentes; perseguem, ameaçam e espancam os profissionais de saúde que tratam desses doentes; invadem os hospitais para mostrar que a situação não é tão grave como os milhares de mortos atestam. Quando saio uma vez a cada dez dias para ir à feira (às 6:30 da manhã) e aos correios, a vontade é de me largar ao sol, com a leveza, a destreza e a despreocupação de um calango. Só isso, quentar sol na rua como o amigo Aleixo faz no terreiro de sua casa. Mesmo tendo sol na varanda do apartamento, isso não substitui o Sol que anda atrás da gente por todos os cantos, que está em todos os lugares abertos. Nesses momentos compreendo quem está nas ruas querendo viver normalmente e me apresso na volta para casa, para não ceder à tentação. As ruas, mais do nunca, tornaram-se espaços masculinos e esses homens que agem como se tudo estivesse normal contaminam as mulheres em casa. O Homem-Aranha na agência de correios é um bom exemplo. Para espirrar ele puxa a máscara e disfarça a mão na boca, para bocejar, idem, a máscara lhe incomoda; para falar também, deve sentir-se incomodado pelas teias do desenho e sua liberdade de existir, máscara alguma (cuidado com os outros) irá conter”.

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