O Jabuti 2020, estive lá dentro

Por Cidinha da Silva Tão logo saiu a lista dos semifinalistas do Jabuti 2020, corri para ver o resultado da categoria crônicas, cujo júri integrei. Entre os dez livros apontados, sete estavam na minha seleção nos primeiros lugares. Três obras não estavam lá, mas foram trabalhos separados para segunda leitura porque reconheci que detinham qualidades que poderiam leva-los a minha tabela final. Senti uma onda de alegria por esse resultado, principalmente porque não conheço os colegas que trabalharam comigo, não compartilhamos confluências ou divergências, mas nosso veredito foi afinado e harmonioso. O sistema do Jabuti é de ajuizamento individual por meio de atribuição de notas a um determinado número de livros. Vou contar para vocês que isso dá um conforto, já participei de processos totalmente subjetivos de avaliação de romances, em que a avaliadora criava seus próprios critérios e acho isso um tanto desesperador. Depois rolava a reunião com os colegas de grupo avaliador, o encontro (ou confronto) de subjetividades. Não gosto disso, prefiro sistemas objetivos de avaliação e atribuição de notas de acordo com aspectos bem definidos, porque os critérios minimizam o fogaréu de egos, a disputa de conhecimento sobre o sistema literário, sobre teoria literária, sobre a leitura (ou não) dos clássicos, firulas da ordem dos umbigos em detrimento da avaliação do texto. Gostar ou não gostar de um livro me importa como leitora, não como avaliadora. Quem julga precisa de critérios de atribuição de valor bem determinados e é fundamental segui-los. Vale também (como procedimento subjetivo e de desempate) adotar ações afirmativas fundamentadas na historicidade dos grupos discriminados e da hierarquia das discriminações em oposição a possíveis ações de privilégio dirigidas a conhecidos ou a grandes nomes que alguém pode querer adotar, seja no debate, seja na leitura grudada na tela.

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