Exclusivo: Cidinha da Silva

Nascida na capital mineira, Cidinha da Silva é uma referência em literatura afro-brasileira e literatura afro-diáspora. Escritora e editora da Kuanza Produções, a autora perpassa com a sua escrita pelos gêneros de crônicas, contos, ensaios, dramaturgia e infanto-juvenil, totalizando 17 obras publicadas. Dentre as principais obras da autora, destacam-se: o livro de contos Um Exu em Nova York (2018), o ensaio em que teve participação como coautora Explosão Feminista, sendo finalista do Prêmio Jabuti (2019) e premiada pelo Prêmio Rio Literatura 4ª edição, além do volume de crônicas Exuzilhar (2018). Graduada em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e atualmente doutoranda em Difusão do Conhecimento na Universidade Federal da Bahia (UFBA), Cidinha aborda em suas obras temas como racismo, desigualdades raciais, questões de gênero e sexualidade. Em entrevista exclusiva para o Matraca Blog, a escritora analisa as dificuldades enfrentadas por mulheres na literatura, as lógicas machistas, racistas e LGBTfóbicas reproduzidas por editoras no atual contexto e, afirma, ainda, que não escreve para preencher lacunas, e sim para criar mundos por meio da escrita. Matraca Blog: Na história literária, há um forte traço de apagamento de escritoras mulheres e suas publicações. Um retrato disso é que, ao falar sobre literatura mineira, por exemplo, imediatamente algumas pessoas citam Carlos Drummond de Andrade, Guimarães Rosa e outros nomes. Como você avalia o atual cenário, sobretudo no contexto de Minas Gerais? Acredita que as mulheres estão ocupando mais espaços no meio literário? Cidinha da Silva: Não sei dizer se estamos ocupando mais espaços, acho que estamos sempre sob a coação de forças que tentam nos obrigar a reconhecer "avanços". De um modo geral, as coisas mudam, a roda gira, as águas que passam debaixo de uma ponte nunca são as mesmas. No diapasão de movimento da vida é natural que as mulheres apareçam um pouco mais depois de todas as conquistas do movimento feminista no mundo. O que sei dizer é que continuamos batalhando diariamente para fazer valer a nossa palavra, para produzir nossos livros, para sermos respeitas e valoradas como escritoras. Matraca Blog: Muito se fala sobre a marginalidade das mulheres no mercado editorial, uma vez que parte da nossa literatura é advinda, a priori, de uma perspectiva masculina, branca, heteronormativa e europeia. Você acredita que as editoras, em certa medida, ainda reforçam e reproduzem a desigualdade de gênero na literatura? Cidinha da Silva: Não o fazem em "certa medida", reproduzem cabalmente. Por que seria diferente? O mercado editorial está subordinado às lógicas racistas, machistas, heteronormativas, LGBTfóbicas como todas as demais instâncias sociopolíticas, culturais, empresariais etc. Matraca Blog: Em que momento você percebeu a falta do protagonismo de mulheres na história da literatura mineira? Isto é, qual circunstância e/ou situação levou você a questionar essa estrutura de poder e a movimentou para escrever? Cidinha da Silva: Primeiro de tudo, eu não me movimentei a escrever para preencher qualquer tipo de lacuna, ainda menos na literatura mineira. Eu não escrevo e nunca escrevi para Minas Gerais, Minas está em mim, me formou e isso é tudo, a partir dessa compreensão eu quero o mundo e quero criar mundos, é por isso que escrevo. Segundo, as mulheres não têm protagonismo na literatura brasileira e mundial. A matéria completa pode ser lida no link: https://jornalismouemg.wixsite.com/matracablog/post/matriarcas-da-literatura

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