[Trecho 11] de "Engravidei, pari cavalos e aprendi a voar sem asas", de Cidinha da Silva.



“Minha vida tem sido um carro alegórico quebrado. Um monstrengo atravessado na pista, difícil de empurrar. O relógio da escola vai rodando os ponteiros, e os juízes vão anotando os pontos perdidos. Ser juiz é fácil! Quero ver é ficar em cima do carro quebrado e continuar sambando e sorrindo porque o show não pode parar. Difícil é fingir que não sente o sangue que vasa pelas tiras apertadas da sandália, os calos disfarçados com curativos pra pele negra. Difícil é descer do salto, carregar as sandálias na mão. Os pés estão inchados e a sandália não entra mais. Difícil é ter paciência e coragem para chegar em casa e ser você mesma a esquentar a água, colocar na bacia e deixar os pés ali no sal e na água quente, ardendo e se refazendo, preparando a pele pra cicatrização”.

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