[Trecho 8] de “Engravidei, pari cavalos e aprendi a voar sem asas", de Cidinha da Silva





Quando dava tristeza  eu tomava banho pra ver se a tristeza saía, mas não saía. Tinha a tristeza que meu tio deixava quando se esfregava na gente. Tinha a tristeza da fome. A tristeza de ser mais um entulho na casa. A tristeza de não ter o amor da mãe.
Eu subia nos pé de fruta e gritava a dor que me comia por dentro, mas ninguém me escutava. Eu falava com as folha, os passarinho, as água. Eu era amiga das rosa, das roseira. Eu pedia pra eles levar notícias nossas pra minha mãe pelo vento e pela chuva.
Acontece que o amor, na real, é muita mágoa. Violência do sistema. Eu sentia que amarraram um fio com um nol bem forte na estaca do passado que nunca mais soltou”.
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