[Trecho 9] de “Engravidei, pari cavalos e aprendi a voar sem asas”, de Cidinha da Silva




“Um dia o home tava em cima de mim na tampa do fogão. Eu virei meu rosto pro lado e ele bufava no meu pescoço, enquanto aquele troço dele me furava. Foi vindo uma nuvem de lembrança da minha avó quando ela matava porco.
A gente devia olhar dentro dos olho do animal, bem firme nos olho dele, pra ele saber quem é que mandava, e aí enfiava a faca e sangrava o bicho no primeiro vacilo dele.
Eu olhei pro home de um jeito que eu nunca olhei pra porco nenhum, encarei lá no fundo dos olho dele”.
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