Galanga: a coroa banto de Maurício Tizumba

O espetáculo "Galanga - Chico Rei" continua ecoando em mim. Há muito não assistia algo que me emocionasse tanto. É um trabalho montado para uma ator-cantor-dançarino-compositor contar uma história, mostrar todo o seu talento e técnica artística, brilhar: Maurício Tizumba, a saber. Quando Tiziumba fez o primeiro solo de canto e dança com guizos nas canelas, foi meu bisavô quem veio, saído da Marujada do Rio Preto, no Serro. E eu que sempre olhei o congado de viés por conta daquela profusão de salves à Maria, pai nosso e salve-rainha, baixei a guarda e a maré dos olhos vazou. E fiquei assim por muito tempo, observavando a graça do bailarino Tizumba e pensando a quantos a inveja deveria atacar. Tizumba é respeitado por muitos setores de Belo Horizonte, mas uns tantos o julgam caricato, "primitivo", em contraposição aos "pós-modernos". E Tizumba segue tranquilo, com seus tambores, seu canto, seu passo de bailarino leve, seu espaço, seu território - o Tambor Mineiro. Tenho respeito enorme por quem contrói espaços físicos para abrigar a arte. É o que Tizumba fez, oferecendo um território negro a Belo Horizonte-negra de estampa branca. Tizumba se aproxima dos 40 anos de carreira. Eu me encho de orgulho ao vê-lo, ao ouvi-lo, ao testemunhar sua congragração a partir da tradição que o sutenta e à qual ele alimenta, diuturnamente. De dentro da montanha mais quilombola do Curral del Rey, dobro meus joelhos para assistir Galanga entregar a Tizumba, a merecida coroa de rei banto de BH.

Comentários

Professora Rose disse…
Olá Cidinha, cheguei ao seu blog, ajudando minha filha a localizar informações biográficas de Maurício Tizumba, trabalho dado na escola. Já tentamos contato por email divulgado no facebook, mas não obtivemos nenhuma resposta até então...Você poderia nos auxiliar nessa empreitada, para divulgar a obra e a arte de Tizumba?
Vamos aguardar ansiosamente...
Professora Rose

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