As grandes damas
Por Cidinha da Silva
imagem: Renata Felinto
Conversê livraria e editora
São 21 honoráveis senhoras
escolhidas para a primeira saudação do livro.
Sueli Carneiro, a que abriu todas
as portas com a certeza do ferro, a força do vento, a fluidez da água e o
acalanto do mel.
Luiza Bairros, a coroa guardada
por sabres e tigres, o coração de água protegido pela muralha de pedras.
Lira Marques, que fazia música
com nossos rostos no barro, que grafava a memória ancestral ao queimá-lo.
Nazareth Fonseca, a professora generosa que acolheu, acalentou e orientou uma geração inteira de jovens mulheres negras
na Belo Horizonte do final dos anos 80 e início dos 90.
Leda Martins, o exemplo.
Inaldete Pinheiro que quando ouviu a escritora, menina
entusiasmada descobrindo o Baobá, ofereceu-lhe
uma muda que há quase 30 anos a espera no Recife. Quem sabe por esse caule chegou à sua vida a mais bela flor da rua do cajueiro?
Nô Homero, a amiga do conselho
certeiro “escreva, Cidinha, escreva, não
importa que seja só para você!”
Mazza, a primeira editora, aquela
que fez o sonho florescer.
Dora Bertúlio e Maria de Lourdes
Teodoro, rainhas elegantes. Esta, de
dorso tão esguio, coluna ereta e texto fino, diamante no cascalho da mesmice
infecunda. Aquela, o vernáculo perfeito,
erres profundos, lembrança do canto de
Elizeth.
Ana Célia da Silva, a alegria
mais sincera com o êxito de seus pares, puro amor fraterno.
Petronilha Gonçalves, a serenidade.
Amélia Nascimento, a que centrou
a cabeça e ensinou que ser guerreira pode ser uma marca temporal, não precisa
ser uma camisa de força.
Léa Garcia, Vanda Ferreira e
Helena Theodoro, gratos encontros cariocas.
Leci Brandão, a força do Ogum que
vai à frente e também guarda as costas.
Zezé Motta, aquela que nos fez acreditar
que éramos (e somos) invenções possíveis e poderosas.
Áurea Martins, a voz rouca, firme
e afinada, perfeita na extensão delicada do samba-canção que faz adormecer ou
acordar, a depender do momento.
Makota Valdina, senhora das
terras banto onde descansa a coroa do rei.
Paulina Chiziane, convergência de águas, requinte de linguagem e da tradição que sustenta o poder da renovação.
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