'Injusto é carro gigante buzinar para carroceiro', diz Ferréz, na Folha de São Paulo
Deu na Folha de hoje, por Regiane Teixeira
No portão da casa de Ferréz, 36, estão grafitados o retrato de três escritores que o influenciaram: a mineira Carolina Maria de Jesus (1914-1977), o alemão Hermann Hesse (1877-1962) e o russo Máximo Górki (1868-1936).
Morador do Capão Redondo, zona sul, ele se inspira em seu redor para criar histórias. Pela primeira vez, porém, lançou um livro sem identificar o local da trama, "Deus foi Almoçar" (ed. Planeta, 240 págs., R$ 29,90), seu oitavo título. Neste mês, ainda lança o infantil "O Pote Mágico".
O escritor paulistano Ferréz na rua da sua casa no bairro do Capão Redondo, na zona sul da cidade
Por que decidiu escrever um livro sem dizer onde a história se passa?
Quando ia fazer palestra, todo mundo me perguntava como era morar no Capão Redondo e eu não conseguia falar do livro. O assunto periferia é muito forte, mas eu também queria falar de literatura.
Já pensou em sair do Capão?
Não, gosto daqui. É onde o cara compra um quilo de carne, faz um churrasco na laje e todo mundo vai comer sem miséria. Tem uma coisa de união, de um bater na porta do outro e trocar ideia.
Qual manifestação cultural é mais forte na periferia?
A literatura é uma força. Tem muito livro lançado na quebrada. Quando comecei, era difícil. Agora, há outros escritores, como Marcos Teles e Cidinha da Silva.
A internet fez a periferia se unir?
Essa coisa de rede social é perigosa porque tem revolucionário só de Facebook. Mas é verdade que a internet facilitou o acesso. Alguém lá no Amazonas pode entrar no meu blog e ler o que escrevi. Antes eu fazia fanzine. Tirava xerox e mandava cópias pelos Correios.
O que é injusto em São Paulo?
É o cara com um carro gigante buzinando para o carroceiro sair da frente. É o cara perguntando quanto é o prato feito em vários botecos e só poder pagar por um de R$ 4. E aí você vê um restaurante cobrando R$ 200 num prato. São Paulo é como uma cidade cenográfica, se você encostar muito, as paredes caem.
Que palavra define a cidade?
"Monstro". A cidade devora as pessoas, mói, mutila. É onde as pessoas veem que o sonho era ilusão. São Paulo é muito dura e desigual. Para eu chegar na cidade que as pessoas conhecem, tenho que andar uma hora e meia de ônibus. A gente tem a impressão de que mora no interior.
No portão da casa de Ferréz, 36, estão grafitados o retrato de três escritores que o influenciaram: a mineira Carolina Maria de Jesus (1914-1977), o alemão Hermann Hesse (1877-1962) e o russo Máximo Górki (1868-1936).
Morador do Capão Redondo, zona sul, ele se inspira em seu redor para criar histórias. Pela primeira vez, porém, lançou um livro sem identificar o local da trama, "Deus foi Almoçar" (ed. Planeta, 240 págs., R$ 29,90), seu oitavo título. Neste mês, ainda lança o infantil "O Pote Mágico".
O escritor paulistano Ferréz na rua da sua casa no bairro do Capão Redondo, na zona sul da cidade
Por que decidiu escrever um livro sem dizer onde a história se passa?
Quando ia fazer palestra, todo mundo me perguntava como era morar no Capão Redondo e eu não conseguia falar do livro. O assunto periferia é muito forte, mas eu também queria falar de literatura.
Já pensou em sair do Capão?
Não, gosto daqui. É onde o cara compra um quilo de carne, faz um churrasco na laje e todo mundo vai comer sem miséria. Tem uma coisa de união, de um bater na porta do outro e trocar ideia.
Qual manifestação cultural é mais forte na periferia?
A literatura é uma força. Tem muito livro lançado na quebrada. Quando comecei, era difícil. Agora, há outros escritores, como Marcos Teles e Cidinha da Silva.
A internet fez a periferia se unir?
Essa coisa de rede social é perigosa porque tem revolucionário só de Facebook. Mas é verdade que a internet facilitou o acesso. Alguém lá no Amazonas pode entrar no meu blog e ler o que escrevi. Antes eu fazia fanzine. Tirava xerox e mandava cópias pelos Correios.
O que é injusto em São Paulo?
É o cara com um carro gigante buzinando para o carroceiro sair da frente. É o cara perguntando quanto é o prato feito em vários botecos e só poder pagar por um de R$ 4. E aí você vê um restaurante cobrando R$ 200 num prato. São Paulo é como uma cidade cenográfica, se você encostar muito, as paredes caem.
Que palavra define a cidade?
"Monstro". A cidade devora as pessoas, mói, mutila. É onde as pessoas veem que o sonho era ilusão. São Paulo é muito dura e desigual. Para eu chegar na cidade que as pessoas conhecem, tenho que andar uma hora e meia de ônibus. A gente tem a impressão de que mora no interior.
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