Mais uma piada racista contra um jogador de futebol negro

A cena: derrotado por 3 x 0 pelo Flamengo, o jogador Tinga, do Internacional, concede entrevista coletiva. Visivelmente constrangido pelo péssimo desempenho do time na partida, o jogador, acuado pelos microfones (qualquer pessoa percebe que ele está intimidado pela situação) fala coisas truncadas, repetitivas, circulares e que pouco dizem. Salva-se em seu discurso, a explicitação da necessidade de aprender com a derrota, argumento dissonante da maioria dos jogadores de futebol que, ao contrário dos atletas das demais modalidades, acham que as derrotas devem ser esquecidas. Nos studios do Sport TV, o apresentador Sérgio Maurício não explicita seu descontentamento com a teor da entrevista de Tinga - eu concordaria com ele, se o fizesse - mas faz um comentário sobre a necessidade do Tinga "fazer a barba", pois, "com aquele cabelo" (dreadlocks) a barba mal feita se destaca ainda mais. Bob Faria e André Lofredo, companheiros de studio do comentarista, digo, do comentário racista, riem animados. Luís Carlos Júnior, no aúdio externo, também oferece um risinho e procura a cumplicidade de Paulo César Vasconcellos, melhor comentarista do Sport TV, que não sorri, alheia-se da cena e mira a câmera, sereno, como de hábito. Em outro lugar qualquer do mundo isso seria uma manifestação de racismo, sujeita à punição. Aqui, as coisas não são bem assim e os risinhos dos participantes da cena têm, historicamente, naturalizado as práticas de discriminação racial. Racismo seria apenas o que acontece nos campos de futebol da Europa. Vida que segue! Enquanto não tivermos gente como Samuel Etö nos nossos campos, craques de bola que empenham seu prestígio pessoal para defender-se e para defender aos seus do racismo, gente como esse Sérgio Maurício continuará impune, expelindo piadinhas racistas que perpetuam a inferioridade forjada dos negros e a falsa superioridade dos brancos. Definitivamente, o Brasil não é um país para principiantes! (Foto: o jogador Tinga) .

Comentários

Anônimo disse…
Pois é Cidinha, isto é que eu não entendo, que postura é esta do Paulo César Vasconcellos, que não fala nada, o que adianta ser o melhor comentarista de esporte se na hora de
colocar sua opinião sobre um racismo tão claro fica calado.
E o movimento negro já fez alguma coisa para questionar este fato junto ao sport tv e vc já mandou seu email de repudio, eu já mandei o meu.
Sabe o que vítima tem direito? De pena. E se queremos mudar as coisas temos mostrar nossa cara.
Bjs.
Olá Cidinha. Obrigado pela informação. Vou escrever um e-mail de repúdio e enviar à SPORTv, e jogar esta informação na minha caixa de e-mails. Temos que sair da invisibilidade, e protestar, para fazermos frente à inércia racista que naturaliza e nos destrói a identidade, auto-estima, prejudicando-nos à mobilidade social e alijando-nos do processo de cidadania. Parabéns.
Anônimo disse…
Minha Cara

Fui alertado por um amigo, seu leitor, que voce tinha feito esta postagem.
Mas que bobagem a sua. Me acusar de rascismo sem ter o menor motivo.
Só porque falei do cabelo e da barba mal feita do Tinga??? Isso é rascimo??
Eu jamis poderia ter um comportamento rascista, ja que eu pertenço justamente a uma dos povos mais segregados do mundo que é o povo judeu. A minha avó, a que me criou como neto é negra e esta viva com 97 anos.
Portanto eu tenho plena conciencia do que é ser descriminado e o que significa rascismo e o meu comentario não foi nesse sentido.
Aproveito para te avisar que da forma que voce escreveu eu posso te processar por injuria, calunia e difamação e ainda por se apoderar e publicar uma foto minha sem permissão, já que esta foto pertence ao arquivo da Tv Brasil.
Tenha mais cuidado com o que voce escreve sobre os outros e sobre as suas opiniões.
Sergio Mauricio

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