Primavera dos livros 2010

Foram muitas as visitas a stands, aquisições e conversas com editores. A Primavera dos Livros cresce a cada edição. Quanto às publicações ligadas à temática das africanidades brasileiras percebi duas coisas: 80% das publicações continuam sendo elaboradas por escritoras e escritores não negros e em segundo lugar, o mote da Lei 10.639/03 que institui os conteúdos de História e culturas africanas e afro-brasileiras nos currículos escolares tem sido usado para atualizar o mito das "três raças formadoras do povo brasileiro". É frustrante perceber como muitos autores e autoras se valem da possibilidade de tratar da África profunda e da África reinventada no Brasil para, mais uma vez, difundir o escorregadio conceito de mestiçagem na formação do povo brasileiro. E parece que todas as editoras (também as negras), em maior ou menor grau patinam nesse aspecto. Uma lástima! As africanidades na perspectiva literária se destacam na editora Pallas. Há títulos ruins também, mas sobressaem as coisas boas. Defino como ruim aquilo que se intitula literatura, mas é, de fato, didático, para-didático, auto-ajuda ou às vezes, bobagem mesmo. Outras editoras como a Mazza Edições e a Autêntica, além da Pallas, têm muitos bons títulos no formato de ensaios e para-didáticos sobre africanidades e África. Mas meu interesse maior foi a literatura. As principais obras que adquiri foram as seguintes: Islamismo e Negritude - da África ao Brasil, da idade média aos nossos dias; de João Batista M. Vargens e Nei Lopes (Estudos Árabes 1, UFRJ, 1982) e Candeia: luz da inspiração, também do João Vargens (Almadena, 3a edição, 2008). Este Candeia tem um CD encartado com 23 músicas inéditas do portelense ilustre, também fundador da Escola de Samba Quilombo. Da Pallas destaco Erinlé, o caçador e outros contos africanos e O papagaio que não gostava de mentiras e outras fábulas africanas, ambos de Adilson Martins. Comprei também o belo Xangô, o senhor da casa de fogo, de Raul Lody e As Gueledés - a festa das máscaras, do mesmo autor. Um livro que quero ler logo é Alek Wek, a biografia em primeira pessoa de Alek Wek, refugiada sudanesa que depois de ter sua beleza e elegância descobertas nas ruas de Londres tornou-se top model internacional (Panda Books, 1977). A publicação é antiga, mas só adquiri agora. Comprei uma edição atualizada de Cartola dos tempos idos, de Marília T. Barboza e Arthur de Oliveira Filho (Gryphus, 2008). E, da Beco do Azougue editorial adquiri dois livros da série "encontros - a arte de entrevistar", Milton Santos e Gilberto Gil. Em tempo: comprei também algumas boas traduções de literatura japonesa.

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