Joaquim Barbosa, um operador do Direito na Corte!
Por Cidinha da Silva
Muito
da esquerda rabugenta e obtusa que ora procura holofotes para achincalhar o
julgamento do mensalão, consolidou-se em oposição à esquerda festiva e
irresponsável, e isso é compreensível, entretanto, podiam nos poupar de tanto
fundamentalismo ideológico. Há que haver um caminho do meio, pautado pela
lucidez, definição precisa de princípios e valores, coroados pela
assertividade. Chega de discurso inoperante!
Há um
suspiro ideológico moribundo da esquerda que se aferra à crucificação do
Ministro Joaquim Barbosa, como se fosse ele seu algoz. Confundem a indicação de
Joaquim ao Supremo, feita pelo ex-Presidente Lula, com uma fidelidade canina
que ele, bem como os demais magistrados recomendados por Lula e Dilma à Corte,
deveriam ter ao PT. Esperável seria que esses militantes partidários se
regozijassem pelo fato de dois Presidentes da República, oriundos do PT, terem
optado por varrer o bolor das janelas do STF.
No entanto, parecem desejar que esta bancada do Supremo não julgue
membros do PT, quando réus, ou absolva-os pela origem partidária, constituindo
um tribunal de exceção.
Argumentar
que não existem provas para punir os responsáveis pelo mensalão, é o mesmo que
insistir na não existência de provas de que os agentes militares da ditadura
agiram respaldados por empresas, da agroindústria aos conglomerados de
comunicação (escrita e televisiva), ricaços, ricões e outros apenas bem-postos
no mundo dos privilegiados. Todos garantiram que os milicos não agissem por
livre e espontânea maldade. Eles tiveram costas largas e quentes para espoliar,
torturar e matar, por mais de 20 anos seguidos. As provas existem, são cabais,
é só olhá-las com olhos de ver. É o que a maioria do STF fez. É o que a Comissão
de Verdade faz.
Quem
se aproveita do mensalão para tentar punir o PT por “ter criado o maior
programa de transferência de renda do mundo, por construir mais de um milhão de
moradias populares, por criar cerca de 15 milhões de empregos, por triplicar o
salário mínimo (em 10 anos de governo), por incluir no mercado de consumo
(cerca de) 40 milhões de pessoas”, por ter construído 14 universidades
federais, por ter criado o PROUNE e o REUNE, por ter dado orgulho e dignidade a
todos os Silva do país, não é o STF progressista e ainda menos o Ministro
Joaquim Barbosa, ele mesmo, um Joaquim, nascido no tempo em que este era um
nome de gente muito simples. Quem busca desqualificar o PT, usando como mote a
parcela de seus ex-dirigentes julgados no processo do mensalão, são os
herdeiros da Casa Grande, protegidos pelo verniz das leis, das universidades, das
telecomunicações, pela indústria do terror e do genocídio da juventude negra, patrocinada
pelo Estado nas periferias do Brasil.
Não
creio que Joaquim Barbosa queira “brandir o cajado da lei para punir os
poderosos” (de esquerda). Vejo-o como um operador do Direito, muitíssimo bem
preparado, exercendo com competência, legitimidade e dignidade, o cargo para o
qual foi escolhido e para o qual é muito bem remunerado. O mais é nossa sede implacável de ícones
negros que, por vias tortas, o transforma em super-herói.
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