Oke Arô Mutalambô! Protegei os Guarani Kaiowá!



Por Cidinha da Silva

Sou de um tempo em que patrulhávamos a solidariedade aos índios, em detrimento da solidariedade aos negros e por isso, criticávamos Milton Nascimento.

Naquele tempo sofríamos uma pressão insuportável, era nenhum o canal para nossa voz e, acima de tudo, sabíamos como o stablisment operava, e ele preferia dar algum espaço aos índios, que eram centenas, do que a nós, milhões, desde aquele tempo. Havia também o hábito dos engolidores do status quo, de relativizar a extensão, a profundidade e o impacto das questões, quando atingiam aos negros.

Hoje, mais livres e um tantinho mais vitoriosos, a generosidade é também uma arma de luta e todos somos Guarani Kaiowá e, a depender de nós, não serão mortos. Somos Quilombo Rio dos Macacos e não permitiremos que a Marinha do Brasil destrua-o física e simbolicamente. Somos a juventude negra enfrentando a morte promovida pelo terror e pela truculência do Estado em todas as periferias brasileiras. Somos Maria da Penha a proteger mulheres alvejadas pela violência doméstica.

Hoje, a noção de pertencimento a um campo político nos toma de corpo inteiro e nele, todos os sujeitos partícipes das causas justas e humanas que nos mobilizam têm lugar na plataforma de ação, a despeito dos surfistas nos temas fundamentais, que teimam em achar que tudo é onda na superficialidade da internet.

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