O conto do Messi chavista



Por Cidinha da Silva

Comi a primeira mosca do ano. Enorme. Tratava-se de imagem do Messi comemorando gol. O argentino levantava a camisa do Barcelona e por baixo tinha outra com imagem do Chávez. Mesmo não sendo chavista, adorei. Era tapa de luvas nos colegas de futebol alienados e na mídia que quer matar o Chávez a todo custo, postei a imagem, nem me lembrei que o Barcelona não havia jogado por aqueles dias.

Para minha sorte e proteção, um rapaz do Texas fez troça da postagem apócrifa reproduzida por mim e contra-atacou com o Messi comemorando gol e homenageando a ele, autor da postagem, como alguém fizera com o presidente venezuelano. Rapidamente, tirei o mico de campo, que não sou boba.

Eu me vangloriava de não ter caído na esparrela da crítica apressada ao Morgan Freeman que teria feito um discurso pós-racismo. Sei que o afro-estadunidense médio tem consciência racial igual ou maior do que muitos líderes afro-brasileiros, notadamente os facebookianos de primeira geração. Para completar, alguém mais lúcido mostrou que se tratava apenas de fala descontextualizada do ator.

Também escapei do fim do mundo dia 12 de dezembro de 2012, por dois motivos, primeiro porque eu não sabia que o mundo acabaria, segundo porque achei de mau gosto o grosso da pilhéria sobre o caso. E no entardecer do dia estapafúrdio, cuja invenção foi atribuída aos Maia, os Zapatistas de Chiapas, seu legítimos herdeiros, depois de uma manifestação que reuniu milhares de pessoas silenciosas México afora, disseram: “escutaram? É o som do mundo de vocês desmoronando. E do nosso ressurgindo.”

Não engrossei o coro de bobagens sobre o fim do mundo, mas caí no conto do Messi chavista. Tivesse prestado mais atenção à lição dos Zapatistas não me iludiria com a esquerda festiva e inconseqüente. 

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