O livro de receitas da D. Benta
Por Cidinha da Silva
Alguém avisou à
dona da casa que a visitante gostava de cozinhar e aquela, muito solícita,
mostra-lhe o que considera uma preciosidade, o livro de receitas da D. Benta.
A sobrinha da
visitante, ingenuamente pergunta: “Mas, tia, a cozinheira não era a Anastácia?”
“Era”, responde a tia satisfeita. A menina continua, enquanto folheia o livro:
“Então, porque o livro de receitas é da D. Benta?” “Boa pergunta”, responde e mira a anfitriã,
aguardando algum comentário.
A dona do livro
sorri amarelo, diz que a garota é muito esperta, ameaça tocar suas tranças. A
menina se esquiva do gesto, agradece o que parece ser um elogio e explica que gente
estranha não pode colocar a mão na cabeça da gente.
O mesmo sorriso sem
graça da anfitriã se repete e ela busca outra obra de receitas, determinada a
agradar a visita ilustre. Traz um volume fino de receitas caribenhas. Na capa,
o mar azul ao fundo e na frente, uma banca enorme de pimentas diversas, cuidada
por uma mulher negra que gargalha, sem dentes.
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