Dê sua idéia, debata! e Sarau Elo da Corrente

A semana do 20 de novembro deste ano proporcionou-me dois encontros importantes: a segunda obra audiovisual da amiga Viviane Ferreira e a visita ao Sarau Elo da Corrente. Viviane é uma jovem cineasta soteropolitana, residente em São Paulo, que colocou na roda um curta instigante: “Dê sua idéia, debata!" Interagindo com uma bata africana, várias pessoas negras, predominantemente jovens, expõem suas idéias sobre temas como: classificação racial, afrocentrismo e diáspora africana. Não há nada fechado como uma resposta correta, a concepção das pessoas entrevistadas é o início do debate. Dentre as opiniões dos mais velhos há o contraponto interessante entre um cineasta angolano que defende a brasilidade dos brasileiros e a inexistência da diáspora africana e outro, senegalês, que reconhece e propala a africanidade de todos nós, africanos na diáspora e africanos em África. Diferentes efeitos da colonização ou caminhos da descolonização mental. Mas esta é a minha leitura, as idéias estão lá expostas para que cada expectador(a) debata. O depoimento dos(as) jovens, por sua vez, levou-me a pensar na descontinuidade ou pouca apropriação do conhecimento produzido pelas gerações anteriores e acumulado nos processos históricos. É um ótimo material para sala de aula ou atividades em grupo. É simples, despretensioso, democrático e aberto, além de apresentar uma resolução audiovisual bela, agradável e criativa. Pude verificar os impactos da exibição do filme em três contextos distintos: o II Encontro de Cinema Negro Brasil, África e América Latina, no Rio de Janeiro, o lançamento do filme e da produtora Odun – produção e formação, no centro de São Paulo e, por fim, a exibição para cerca de 60 estudantes de EJA – Educação de Jovens e Adultos, seguida de acalorado debate, em escola pública de São Miguel Paulista, periferia leste de São Paulo. Para informações sobre o filme e contatos com a diretora, procure: www.odun.com.br , fone 11 41075236. A visita ao Sarau Elo da Corrente foi o comparecimento a uma festa conduzida pelos amigos Michel da Silva e Raquel Almeida. Eu os havia conhecido há uns meses numa edição do Sarau Rap e o lançamento do Negrafias foi um bom pretexto para visitá-los no bar do Santista, em Pirituba, periferia oeste de Sampa, e aproveitar para retribuir a simpatia e o calor do primeiro encontro. O clima do sarau é uma delícia, como não há uma super população de escritores(as) e público, as pessoas não são pressionadas pelo tempo para apresentar suas produções, tudo rola com mais calma. O sarau é transmitido por uma rádio comunitária (ou pretendente a), a Urbanos FM, 101.3 mhz, e chega à casa de quem não aparece por lá. Foi fundada em dezembro de 2001. A Programação é 100% feita pela comunidade. "Compromisso social e cultural com o bairro", como diz o slogan. Funciona legalmente sob proteção de uma liminar de justiça, enquanto aguarda a tramitação do processo de legalização como rádio comunitária. Finalmente vi o Negrafias e o peguei nas mãos, um belo trabalho do amigo Marciano Ventura, o incansável. Além do Marciano encontrei as amigas Luli e Elis, bailarina e poeta, respectivamente; o querido Rômulo multimídia, atualmente, videasta popular, e conheci a Soninha M.A.Z.O (Monte Alegre – Zona Oeste), co-autora de “Duas gerações sobrevivendo no gueto”, em parceria com a Raquel Almeida. Curti demais conhecê-la, pena não termos tido tanto tempo para conversar. Trocamos livros e recebi autógrafos afetuosos das duas poetas. O “Duas gerações” já está na fila de leituras. No lançamento do “Dê sua idéia” tive o prazer de reencontrar o Michel e pudemos trocar muitas idéias, demos uns passos para firmar a amizade. A imagem ao lado eu tirei do blogue do Elo da Corrente, cujo endereço é www.elo-da-corrente.blogspot.com Dê uma passada por lá.

Comentários

LiteraturAndante disse…
Tamô junto Cidinha, todo respeito e admiração, sua visita foi a maior boa surpresa daquela noite e as idéias trocadas na Olido frutificaram ainda mais nosso roçado literário e afetivo.

Já li cada Tridente, parabéns pela obra, pela seriedade, pelas cocegas que não consegui segurar em certas leituras e pela interrogação de outras. Palavra viva que fica, transforma e multiplica.

Um beijo, um abraço e um queijo

Michel
Elo da Corrente
Anônimo disse…
Cidinha,
Tenho visitado o seu blog com mais frequência. Você está contribuindo para que eu adentre neste mundo blogueiro...rss. Adorei as suas considerações sobre o "Dê sua idéia, debata!". Acho que você pontuou questões importantes que, ao meu ver, vem ao encontro da proposta do curta.
Axé
Elcimar

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