Morro do Papagaio!






Por Cidinha da Silva

Li, recentemente, os depoimentos e crônicas de “Morro do Papagaio”, de Márcia Cruz (editora Conceito), presente da querida Jose, amiga do Aglomerado, do Morro do Papagaio.  O livro integra a coleção “BH. A cidade de cada um”, uma proposta de abordagem da cidade como “fonte inesgotável de paisagens, personagens e vivências”.

Sem se prender à pesquisa histórica, os autores recorrem livremente às recordações pessoais e às escolhas afetivas, para contar a história de um determinado lugar, numa determinada época, diz o texto de apresentação.

A opção da autora me pareceu bastante documental, havendo assim, muitas descrições de paisagens do Morro e jeitos de viver/conviver por lá. Alguns textos, tais como, “Ponto de encontro”, “Do soul ao funk” e “Universitários do morro”, têm um jeitão de crônica e deles gostei mais.

A maior parte do tempo, entretanto, o aspecto de criação textual fica encapsulado no compromisso enunciado pela autora de “dar visibilidade a fatos ocorridos no lugar e em grande parte desconhecidos da cidade, embora relevantes para sua memória.”

À minha sensibilidade, o mais marcante, além do registro feito por Márcia Cruz, do ponto de vista de uma protagonista da história do Morro que dá a seus personagens status equivalente, cuja memória talvez se perdesse no vácuo, se ela não tivesse determinado a si mesma a tarefa de transformá-la em texto, é o testemunho de uma geração vitoriosa. Uma geração de jovens que acreditou no poder transformador da organização política, da luta comunitária por direitos, da arte como  expressão da plenitude humana, das trajetórias pessoais de quebra de barreiras que se multiplicam pelo exemplo.
Vale a pena ler o livro e formar também sua opinião.

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