Escritoras de ontem e de hoje: antologia lançada em Belo Horizonte




Por Mª. do Socorro V. Coelho (orelha do livro)

Os trinta e três artigos que compõem esta antologia trazem à luz fatos da vida, da sabedoria e, principalmente, da produção literária, bem como excertos de autoria feminina de marcantes e notáveis mulheres mineiras e das que se tornaram mineiras; mas todas com o mesmo propósito: trabalhar com vigor as letras com sentimentos e tradições de mineiridade. Mulheres que, pacientemente, vêm durante o largo processo da evolução antropológica, por séculos sucessivos, tentando fazer valer o simples e tão repetido jargão “são todos iguais o homem e a mulher e têm os mesmo direitos e deveres”. Imbuídas de experiências herdadas de algumas mulheres impossibilitadas de fruir o triunfo desejado, elas e muitas outras abriram o espaço para o respeito de que são credoras todas as mulheres, encontrando maior repercussão em face do desenvolvimento cultural do século passado, no movimento denominado feminismo. Esparta, conforme Ângelis, já houvera evidenciado no passado, a coragem e o patriotismo da mulher esparciata durante as guerras. Nos tempos modernos, o esforço de guerra lhe solicitou a contribuição e ela revelou-se excelente trabalhadora em todos os níveis profissionais, mudando, lentamente, para as posições de comando, como administradora e executiva notável, portadora de nobre capacidade de liderança e de orientação.

As letras poéticas dessas trinta e três mulheres 'maduras’ e ‘libertas’ anunciam e denunciam o direito à liberdade de ação, de deliberação e escolha no lar e na sociedade; são conquistas adquiridas e que não podem ser confundidas com a arrogância nem procedimentos de confrontos. São voos literários que representam o memorialismo, a poesia, o drama e a ficção de almas de ontem: Anna Amélia, Branca AdjuctoCarminha Gouthier, Francisca Senhorinha, Maria Amorim, Maria Sabina etc., e de hoje: Cidinha da Silva, Helena Jobim, Lacyr Schettino, Leda Martins, Lúcia C. Branco, Maria Lysia, Marta Gonçalves, Vera Brant, Vera Casa Nova etc., em caminhos do fazer literário de militâncias, sentimentos, inquietações e invenções. Mulheres que lutam pela sua emancipação intelectual, meio ao trançar e ao fundir poéticos; entre o sagrado e o profano, a militância e a poesia; o testemunho, o lirismo e a sensibilidade vazando numa escrita inquietante ao sabor dos sons dos tambores, pentes e tridentes.

São escritos tecidos também por mulheres. Por dezenove mulheres do Grupo de Pesquisa Letras de Minas que vêm se dedicando à pesquisa de autoria feminina produzida em Minas Gerais, desde 2006. Trata-se da Antologia II, intitulada “Escritoras de ontem e de hoje”, organizada por Constância Lima Duarte, Elisângela Aparecida Lopes, Maria do Socorro Vieira Coelho, Maria Imaculada A. Nascimento, Maria Inês de Moraes Marreco. Mais uma produção resultante do trabalho contínuo dessas mulheres que muito tem aprendido e apreendido com os registros deixados pelas escritoras que fazem parte desta Antologia; com mulheres que vivem junto a nós e oferecem vivências e estimulam nosso trabalho e também pelas próprias experiências vividas e convividas no seio familiar, nos arredores das afinidades e nos acontecimentos do mundo em nosso entorno. São continuadoras de muitas lutas que abriram veredas, atalhos, caminhos, estradas para que pudéssemos ocupar e mostrar o lugar que muitas ocuparam, mesmo sem serem convidadas na sociedade de sexo e gênero masculinos.

Caro leitor, fica aqui, então, o convite carinhoso a todos de sexo e de gênero masculino ou feminino a deixar-se transportar pelos caminhos e descaminhos da sabedoria inscritos nos artigos enfeixados nesta obra. Sou uma das integrantes das “Letras de Minas”, e anuncio que nosso trabalho prossegue tanto na produção de textos literários, como nos que integram esta Antologia, como na discussão sobre textos acadêmicos e, também, na organização e participação de eventos nos quais conversamos sobre literatura e mulher mulher na literatura.


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