Que o amor para sempre viva, minha dádiva!
Por Cidinha da Silva
Minhas
candidatas estão na final! Késia Estácio é diva, diva, diva, em qualquer lugar,
cantando todo tipo de música e com qualquer roupa. A Késia rocky in roll foi
divina. Thalita Pertuzatti precisa ser convidada por Roberto para interpretar
suas canções. Vi pouca gente até hoje, com alma tão Robertiana. E, como Lulu,
eu a escutaria cantar um catálogo inteiro. Por fim, Maria Christina, essa
cantora deliciosa, tão contida no gesto, tão expressiva no rosto e na voz.
Confesso que só comecei a olhá-la com olhos de ver durante a disputa com Ellen,
quando a sabedoria de Carlinhos se revelou (mais uma vez). E prestei atenção
porque foi uma batalha fraterna, verdadeira, como me parecem ser os beijos de
Michelle e Obama.
Meus candidatos
se foram. Júnior Meirelles cantou uma das canções difíceis de Djavan (Lilás),
que, embora dançante, não tem apelo popular. Primou pela qualidade e perdeu no
gosto do povo. O técnico Daniel foi coerente ao salvar o sertanejo Danilo, mesmo
Júnior tendo cantado in-fi-ni-ta-men-te mais. Precisamos salvar os nossos.
OSócio também pecou na escolha da música ou pecaram por ele. Sim, Cassiano é
membro da aristocracia da música Soul brasileira, mas faz muito sentido para nós,
amantes e conhecedores desse universo, não para o povo que precisava salvá-lo e
que já deu mostras do quanto gosta de gritaria. Além disso, no time do Lulu
restaram três candidatos muito fortes, eu nem consegui votar, porque queria
assistir a apresentação de Késia, Maria Christina e do próprio OSócio.
E o Oceano
Oléria chegou! Triunfante no verde da Jurema, em abertura luxuosa de berimbau e
pandeiro. Fina, chegou louvando Jackson, habitante de nossa memória coletiva, o
ancestral do rap brasileiro, aquele que modernizou a música e só foi compreendido
em sua magnitude décadas mais tarde. Ellen tirou onda, colocou a voz no naipe
de metais, fez Bit Box, artefato digno da artilharia de Jackson. Foi MC
contemporânea também para remixar o recado de Jair, fazedor de Slam, quando
ainda não sabíamos o que era um Slam. Deixa que digam, que pensem, que falem. Deixa isso pra lá, vem
pra cá, o que é que tem? Eu não tô fazendo nada, você também. Faz mal bater um
papo, assim gostoso, com alguém? Foi tanta onda sonora que Itamar Assumpção,
o mordaz, também pôs pimenta na interpretação.
Definir a
cantora atlântica como negra, lésbica, feminista, candanga da Ceilândia... é
tomar parte do todo-Ellen, que é poeta, atriz, compositora, filha amorosamente
cúmplice da mãe, irmã e amiga querida, amante da amada. É também fundadora da
Confraria das Pretas Poderosas. O caminho de Ellen é exuzilhado e ela brisa,
desenvolta.
Ellen é nossa
cantora. Nossa vez, nossa voz, rasgada e amorosa. Ellen é múltipla e
polifônica. É soberana da Angola Janga das Águas!
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