Festival Centenário Solano Trindade - dias 21 e 22 de julho no Embu das Artes
(Por Rita de Biaggio) A Prefeitura da Estância Turística de Embu e o Teatro Popular Solano
Trindade realizam o Festival Centenário Solano Trindade, nos dias 21 e
22 de julho, na Avenida Sao Paulo, 100 - centro de Embu das Artes, São Paulo. No local serão
montados dois palcos, onde ocorrerao todos os shows musicais e
manifestações culturais que compõem o evento. A inauguração de um
monumento em homenagem ao poeta, pintor, teatrólogo, cineasta, ator e
folclorista Solano Trindade, confeccionado pelo escultor Jofe dos
Santos, também marcará o início das comemorações de seu centenário.
Haverá exposição de Arte Negra. A abertura oficial do festival será
dia 21/07, às 11h, com a presença de autoridades e convidados. Entrada
gratuita.
Solano Trindade nasceu no Recife em 1908, filho do sapateiro Manuel
Abílio e da quituteira Emerenciana. Casado com Margarida, Solano teve
quatro filhos: Raquel, Godiva, Liberto e Francisco Solano. Atuou, além
do Rio, nos Estados de Minas, Rio Grande do Sul e São Paulo. Iniciou
junto com outros artistas, nos anos 60, na cidade do Embu, na região
metropolitana, o núcleo cultural que contribuiu para o atual batismo
de Embu das Artes, e onde Raquel Trindade, filha do poeta, fundou e
mantém até hoje um grupo de teatro popular com o nome do pai.
Dentre seus poemas, Tem Gente com Fome foi talvez o mais famoso e
elogiado, tendo sido musicado em 1975 pelo grupo Secos & Molhados. A
censura, no entanto, proibiu sua execução e somente em 1980 Ney
Matogrosso, já em carreira solo, incluiu a música em seu disco.
Tem gente com fome
"Trem sujo da Leopoldina,/ Correndo correndo,/Parece dizer:/ Tem gente
com fome,/ Tem gente com fome,/ Tem gente com fome.../ Piiiii!/(...)
Só nas estações,/Quando via parando,/Lentamente, começa a dizer:/Se
tem gente com fome,/Dai de comer.../Se tem gente com fome,/Dai de
comer.../Mas o freio de ar,/Todo autoritário,/Manda o trem
calar:/Psiuuuuu...Em o Negro Escrito, Oswaldo de Camargo apresenta assim, o trabalho de Solano Trindade: Sua "carreira" como militante inicia-se, de fato, a partir de 1930, quando começa a compor poemas afro-brasileiros e, já integrado nesta corrente, participa em 1934 do I e II Congresso Afro-Brasileiro, no Recife e Salvador. Em 1936 fundou a Frente Negra Pernambucana e o Centro de Cultura Afro-brasileiro, que tinha o objetivo de divulgar os intelectuais e artistas negros.
Em 1940 transfere-se para Belo Horizonte. Depois chega ao Rio Grande do Sul, fixando-se por um tempo em Pelotas, onde funda com o poeta Balduíno de Oliveira um grupo de arte popular. Esta foi sua primeira tentativa de criar um teatro do povo, o que não se concretizou devido à enchente de 1941, que carregou todo o material. Voltou então para Recife, indo logo depois para o Rio, onde no "Café Vermelhinho", detém-se a discutir e a conversar com jovens poetas e intelectuais, artistas de teatro, políticos e jornalistas. Ali fez sucesso.
Em 1944, edita o livro "Poemas de uma vida simples", onde se encontra o seu declamadíssimo "Trem sujo da Leopoldina". Em 1945 funda o Comitê Democrático Afro-brasileirom, com Raimundo Souza Dantas, Aladir Custódio e Corsino de Brito.
Em 1954 está em São Paulo, criando na cidade de Embu, um pólo de cultura e tradições afro-americanas. Em São Paulo também funda o Teatro Popular Brasileiro – TPB, onde desenvolveu uma intensa atividade cultural voltada para o folclore e para a denúncia do racismo. Em 1955 viaja para a Europa, com o TPB, onde dá espetáculos de canto e dança. Em 1958 edita "Seis tempos de poesia"; em 1961, "Cantares ao meu povo" (com uma reunião de poemas anteriores).
Solano Trindade faleceu no Rio de janeiro, em 19 de fevereiro de 1974. Sua obra, não! Continuará eternamente viva, como que escrita com brasas na pele escura de todo afrodescendente, mesmo que não queira, mesmo que não saiba... Informações: Cel. 11 9575-0004 / 4785-3632
www.embu.sp.gov.br
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