ISBN, osso do ofício para a publicação independente

Finalizei a leitura de “Hollywood depois do terreno baldio”, da Tata Amaral. Gostei. O livro me interessou por dois motivos, primeiro, porque curti muito o último filme da Tata, “Antônia”, e sabia que os textos foram escritos a partir da pesquisa de campo realizada para o filme. Queria conhecer as histórias, imaginava que encontraria muitos enredos protagonizados por mulheres e não me enganei, alguns muito belos e intensos. Depois, a autora foi uma das vencedoras do PAC – Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo, 2006, e me interessa muito saber o teor das propostas vencedoras deste concurso literário e de outros. A periferia é um tema da moda, pelo que tenho observado. Não me parece que seja moda enfocar a força transformadora que irrompe dos bolsões de descaso do poder público, localizados no entorno das grandes cidades, mas a periferia como personagem, olhada por uma classe média, ora curiosa, ora amedrontada, ora comprometida (com o quê mesmo?), ora atenta aos ventos e ondulações do mercado editorial. Mas é justo. É muito justo. É justíssimo. Cada um escreve sobre o que quiser, do ponto de vista que lhe apraz, a partir do ângulo de visão que melhor lhe convier. Preocupo-me um pouco com os meninos e meninas escritores, atores principais das transformações nas periferias. Às vezes, por desinformação, e/ou teimosia, perdem a possibilidade de participar de certos concursos com chances reais. Por exemplo, a resistência a normas básicas do mercado editorial, tais como a feitura do registro de ISBN – Internacional Standard Book Number, que deve ser feito pelo autor ou pela editora na Biblioteca Nacional www.bn.br, para cada obra . Não é barato, mas é necessário fazer. E, se o tal ISBN não for encarado como osso do ofício, pelas editoras (alô, alô, Edições Toró!) e escritores independentes, certas portas que mais cedo ou mais tarde terão que se abrir para outros escritores talentosos e consistentes, além do Ferréz, deixarão de ser forçadas.

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